Saber delegar é crucial para o sucesso do líder
Por: Ana Barros, CEO Martech Digital
Meio: Link to Leaders (20 de outubro 2023)
Saber delegar responsabilidades talvez seja dos maiores desafios que tenho tido ao longo desta jornada do empreendedorismo
É um caminho contínuo que nos convida a aprimorar este saber delegar que considero ser uma das mais profundas e sinceras demonstrações de liderança. Tanto se fala do empoderamento do líder, mas o empoderamento que o líder dá aos colaboradores deve também estar na ordem do dia.
Costumo dizer que não faço nada sozinha, pois preciso de estar rodeada por pessoas que fazem mais e melhor nas suas áreas de atuação. Acredito que com “cada macaco no seu galho” e uma boa comunicação entre todos, é que se faz uma equipa.
E para tal, a confiança que o líder concede à sua equipa é como uma força motriz que impulsiona os colaboradores a superarem-se e a sentirem-se valorizados e reconhecidos. E é a partir desta valorização que nasce o empenho, a dedicação e o desejo de alcançar posições mais elevadas dentro das organizações.
Por isso, sempre defendi que não devemos acreditar no micromanegement, mas sim investir numa análise mais profunda: “quais são as minhas aspirações e objetivos para a empresa e como posso mobilizar os colaboradores para o sítio certo dentro da organização de forma a que se sintam abraçados pela cultura?”
Todas as perguntas devem ser feitas: qual é o resultado desejado? Quem tem inteligência emocional para assumir mais responsabilidades? Quem demonstra ter mais motivação? Quem ainda não considerei anteriormente que talvez seja uma boa opção neste momento? Partilhar o “fardo” está no ato de reunir, fomentar ideias, definir tarefas e expetativas. É um processo que exige clareza e sintonia entre todos.
A verdade é que uma flor só floresce plenamente quando plantada em solo fértil e cuidada diariamente, e é neste ambiente de apoio e confiança que o verdadeiro potencial dos colaboradores é desbloqueado. Para empoderar o colaborador, os líderes devem atribuir tarefas que sejam desafiadoras, mas não esmagadoras.
Estas tarefas devem estar alinhadas com as habilidades e motivações individuais, permitindo que cada membro da equipa cresça e tome as suas próprias decisões de forma autónoma e com responsabilidade sobre as suas ações.
No entanto, sabemos que são vários os líderes que hesitam. Alguns sentem que estão a fugir das suas responsabilidades, outros lutam contra os seus próprios egos, e ainda existe quem não tenha a confiança necessária para afastar-se das tarefas operacionais. Mas essas hesitações têm um custo, um preço alto a pagar. O líder que não delega corre o risco de exaustão e insatisfação, enquanto a equipa pode sentir-se negligenciada e subutilizada.
A fim de evitar situações de sobrecarga é crucial não centralizar. Quando contratamos pessoas para ocupar cargos específicos, não há necessidade de monitorizar minuciosamente tudo o que é feito. Confiar e investir em profissionais competentes, diminui o peso das responsabilidades que muitas vezes colocamos sobre os nossos ombros.
A verdadeira magia da confiança vai além da “poupança” de tempo, mas também ajuda o líder a encontrar equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e a conseguir estar liberto para pensar sobre a estratégia da empresa a médio/longo prazo.
Claro que existe outro ponto, igualmente desafiante: ter a sabedoria de saber o que não delegar. Decisões que afetam diretamente a vida e o bem-estar de nossa equipa, como aquelas relacionadas à remuneração e ao desempenho, carregam uma maior responsabilidade. É importante ter a sensibilidade de não deixar as “decisões difíceis” para os chefes de equipa, cabe-nos a nós assumir esse peso. Cada ato, cada decisão, cada palavra que sai dos nossos lábios como líderes, ecoa para todos. Por isso, há responsabilidades que devem ser mesmo “só nossas”.
No final, delegar é mais do que ser um gestor: é uma expressão de confiança e respeito por aqueles que partilham o nosso local de trabalho. É um ato que constrói relacionamentos, motiva os corações e guia todos em direção ao mesmo caminho. Portanto, a verdadeira pergunta não é “saber delegar é crucial para o sucesso dos líderes?”, mas sim “como podemos, enquanto líderes, aprimorar esta habilidade para enriquecer as nossas vidas e as daqueles que lideramos?”.
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