Cultura organizacional: os líderes são como bússolas

Burnout dos Líderes

Por: Ana Barros, CEO Martech Digital
Meio: Link to Leaders (2 de maio 2023)

A cultura organizacional é a “alma” de uma empresa. É o que define a essência da organização e motiva as pessoas a trabalharem com paixão e propósito.

Como líderes, temos a responsabilidade de criar uma cultura que inspire e conquiste a nossa equipa, mas que também esteja alinhada com os nossos valores e transpareça para os nossos clientes.

Para isso, é importante que os líderes funcionem como uma “bússola”, que guiem a equipa em direção aos objetivos da empresa, mas também que estejam dispostos a abdicar dos seus próprios interesses em prol do bem-estar da empresa como um todo. Eu dira que a comunicação clara e transparente é essencial e não deve ser apenas teoria, há que colocar em prática e fazer uso diário. E isto, aplica-se tanto para os de dentro como para os de fora.

Para “os de fora”, a cultura organizacional é um diferencial competitivo no mercado e define a forma como a empresa conduz os seus negócios e lida com clientes e parceiros. É essencial que esteja alinhada com o posicionamento e o propósito da empresa no mercado, pois além de ajudar a manter uma imagem coerente e consistente, fortalece a sua reputação e notoriedade.

A necessidade da cultura estar tão intrínseca à organização e aos seus colaboradores, desperta, naturalmente, novas prioridades. Uma crescente exigência é impulsionada por uma nova geração de profissionais que valoriza uma atmosfera de trabalho saudável, colaborativa e inclusiva. E como resultado, as empresas estão a adaptar-se para atender a estas novas necessidades. Arrisco-me a dizer que vivemos tempos de uma grande salada mista de gerações e culturas, o que leva a maiores desafios de gestão para os líderes.

Uma tendência crescente é a criação do cargo de Chief Culture Officer (CCO), uma posição estratégica responsável por disseminar, cultivar e cuidar da cultura organizacional. O CCO tem a importante missão de unir a equipa em torno de valores e objetivos da empresa, promovendo uma cultura positiva e envolvente.

Mas se não existir um CCO, a quem cabe esta tarefa? Enquanto líderes, qual o nosso papel na criação e manutenção desta cultura?

Para abordarmos a cultura e liderança, recorro às ideias de quem é especialista na matéria, Peter Drucker e Simon Sinek.

Para Peter Drucker a cultura é um fator crítico no sucesso das organizações, sobrepondo-se, algumas vezes, à estratégia. Além disso, Drucker destaca a importância de envolver todos os membros da organização na criação e manutenção da cultura organizacional e refere que cabe aos líderes moldar e transmitir a cultura da empresa. 

O líder acaba por ter o papel do maestro numa orquestra, mas na verdade é com todos os músicos que pertencem à orquestra que se dá o concerto e resulta a música para os ouvidos de quem queremos alcançar.

Na opinião de Simon Sinek a liderança é um serviço, como tal, os líderes devem criar confiança, propósito e empatia nas suas empresas. Uma cultura de confiança onde as pessoas se sintam motivadas para inovar e trabalhar em equipa e em direção a objetivos partilhados. De realçar que, nos dias de hoje, é extremamente importante que os líderes sejam empáticos, capazes de entender as necessidades e preocupações das pessoas que estão sob a sua liderança.

Não é por acaso que temos dois olhos, dois ouvidos e uma boca. Observação e escuta são ferramentas fundamentais para um líder. E, por último, mas não menos importante, o propósito. O propósito, que segundo Sinek, é aquilo que nos guia.

Sem dúvida que o meu propósito é a minha bússola. Sempre defendi que quando temos o nosso propósito bem definido e estamos alinhados com os nossos valores, conseguimos atingir os nossos objetivos, pois fazemo-lo com paixão. E isto aplica-se à cultura organizacional que desejo construir e o caminho que traço com os colaboradores que me acompanham.

Mais uma vez, estou alinhada com Sinek. Acreditem, tudo o que acontece dentro de uma empresa molda a sua cultura organizacional. E um dos principais fatores que influenciam essa cultura é a forma como os líderes tratam os seus colaboradores. É através deste tratamento que se constrói a motivação, o envolvimento e a interação entre todos os envolvidos, incluindo os clientes. 

Costumo dizer que a empresa é a segunda casa do líder. Pois também ele é responsável por criar um ambiente estável, seguro e acolhedor para os seus colaboradores.

Quando os líderes estabelecem um padrão de respeito e colaboração, criam um ambiente onde as pessoas se sentem valorizadas e apreciadas. Esta atitude pode ter um efeito bola-de-neve positivo e influenciar a forma como os colaboradores interagem entre si e como se relacionam com os clientes, acabando por afetar como a empresa é vista de fora. Quando as coisas funcionam bem internamente, é mais fácil que tudo flua harmoniosamente no exterior.

A cultura organizacional é um fator crítico no sucesso das empresas e tem de ser gerida como uma estratégia a longo prazo. Cabe aos líderes assumir o seu papel nesta gestão e agir como “bússolas” para os seus colaboradores. Ao construir uma cultura organizacional forte, estamos a criar algo que transcende metas e objetivos, estamos a criar uma comunidade de pessoas apaixonadas e comprometidas com aquilo que fazem e que se sentem inspiradas em seguir o líder.

Dicas de leitura

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